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Milhares de famílias brasileiras estão enfrentando desafios extremos causados pelos meses de crescimento fora do controle da pandemia de Covid-19. Com o bem-estar físico e mental ameaçado, altas taxas de desemprego e a interrupção das aulas e serviços de assistência às crianças, as organizações comunitárias tiveram um papel mais vital do que nunca no fornecimento de ajuda e apoio de emergência.

Débora Dias Gomes, que dirige o Instituto Pertencer (Pertencer), uma organização de serviço comunitário no Rio de Janeiro, sabe que qualquer apoio que as famílias recebem durante esse período pode significar muito. Antes da pandemia, o foco principal do Pertencer era apoiar jovens e adultos que viviam em situações vulneráveis, bem como pessoas com deficiências. Quando a Covid-19 atingiu sua comunidade, Débora percebeu que precisava expandir seu alcance para famílias com crianças. Exacerbada pela pandemia, a falta de apoio durante a janela de desenvolvimento inicial, crucial para crianças e suas mães, poderia impactar negativamente no aprendizado e nos resultados de vida para gerações inteiras.

Felizmente, Débora conseguiu expandir seu programa depois de garantir uma microbolsa no ano passado do Fundo Baobá, organização sem fins lucrativos fundada em 2011 com uma agenda de justiça social, mobilizando pessoas e recursos a serviço da equidade racial da população negra no Brasil. A organização concentra seu trabalho em pilares que incluem Viver com Dignidade, Educação, Desenvolvimento Econômico e Mobilidade e Comunicação.

Um dos focos do projeto é ajudar os pais a se envolverem com seus filhos para estimular seu desenvolvimento inicial. A equipe do Pertencer usa ferramentas virtuais como o Whatsapp para facilitar as atividades e dar dicas para os pais. Livros e brinquedos entregues para os pais complementam as atividades. Para personalizar sua abordagem, o instituto pede às famílias que respondam a questionários sobre seus filhos, tornando cada interação com as famílias única de acordo com suas necessidades. Além de apoiar as crianças durante esse período, o Pertencer promove oficinas de carreira online e treinamento culinário na casa para apoiar o bem-estar financeiro da família, o que é especialmente crucial, pois muitos pais estão perdendo seus empregos por causa da pandemia.

Por último, dada a falta de materiais básicos de saneamento, o grupo de Débora tem levado às famílias cestas de produtos de higiene e materiais de limpeza e desinfecção. Até o momento, o programa atendeu mais de 100 crianças e suas famílias.

Por Que Investimos

Débora é uma das 56 organizações e indivíduos que receberam microbolsas do Fundo Baobá para lidar com a devastação da pandemia em famílias com crianças pequenas. Com a rápida escalada da pandemia da Covid-19 em 2020, fizemos uma parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e a Porticus América Latina para apoiar um fundo de ajuda de emergência para comunidades e famílias brasileiras vulneráveis.

Era importante para nós trabalhar com um intermediário com experiência e proximidade com a comunidade para distribuir esses fundos. Também queríamos uma organização que centrasse sua abordagem na igualdade racial, especialmente porque o impacto da pandemia é sentido muito mais entre comunidades negras e indígenas, famílias de baixa renda e mulheres com filhos.

Enxergamos no Fundo Baobá o parceiro intermediário estratégico ideal para distribuir ajuda emergencial. Trata-se de uma das principais organizações doadoras de base comunitária com foco exclusivo na equidade racial no Brasil, com profundo conhecimento, experiência e relações estabelecidas com as comunidades locais. Além disso, o Fundo Baobá tem familiaridade com o financiamento de projetos comunitários. Desde sua criação, em 2011, já distribuiu recursos para mais de 100 projetos em todo o país, sendo 12 deles de Solicitação de Propostas (RFP na sigla em inglês).

Precisamos ajudar as pessoas a ver que é possível transformar realidades, mesmo com recursos limitados.
Fernanda Lopes, Diretora de Programas, Fundo Baobá de Equidade Racial

Conhecido como Fundo para Equidade Racial Baobá, o processo de RFP aberto foi empregado para permitir que todas as organizações comunitárias e indivíduos se candidatassem. O esforço forneceu um canal para que as vozes das comunidades locais fossem ouvidas. Foi importante para nós ouvir a própria população local sobre suas necessidades para entender como podemos apoiá-la da melhor forma. Uma vez selecionados os beneficiários, o Fundo Baobá ofereceu a eles treinamento e planejamento para ajudá-los a lançar, expandir e implementar seu trabalho com sucesso. Os projetos também desenvolveram esforços de monitoramento e avaliação para capturar seu impacto nas famílias e nas comunidades. Os projetos abrangeram três áreas principais, incluindo aprendizagem, saúde e assistência social. Semelhante ao projeto de Débora, outros na educação focaram na criação de materiais didáticos e no apoio às famílias no desenvolvimento pedológico de seus filhos.

Acreditamos também que é essencial investir em organizações administradas por líderes diversos, que reflitam as comunidades que esperamos impactar. Selma Moreira, CEO do Fundo, e Fernanda Lopes, a Diretora do Programa, são líderes femininas negras excepcionais com um profundo compromisso com a causa da equidade racial e mudança sistêmica, e somos gratos por sua parceria e esforços na liderança deste trabalho. “Esse investimento está alinhado ao que deveria ser o propósito das ações filantrópicas pela justiça social. É trabalhar com foco no impacto e intervir nas causas da desigualdade. Precisamos ajudar as pessoas a ver que é possível transformar realidades, mesmo com recursos limitados”, afirmou Fernanda Lopes.

Apoiar organizações como o Fundo Baobá é um passo pequeno, mas fundamental na direção certa. Os financiadores precisam confiar e contar coletivamente com as organizações locais próximas às comunidades que pretendem apoiar. A Imaginable Futures está comprometida em construir mais parcerias locais e descolonizar nossa abordagem para apoiar sistemas mais saudáveis e famílias prósperas para as gerações futuras.

Era importante para nós trabalhar com um intermediário com experiência e proximidade com a comunidade para distribuir esses fundos. Também queríamos uma organização que centrasse sua abordagem na igualdade racial, especialmente porque o impacto da pandemia é sentido muito mais entre comunidades negras e indígenas, famílias de baixa renda e mulheres com filhos.
Luis A. Duarte, Parceiro, Imaginable Futures