Nossas aspirações de impacto exigem que sejamos corajosos e humildes ao nos engajarmos com sistemas complexos. A abordagem sistêmica é um conceito que usamos paa construir nossas estratégias e uma prática que aplicamos para fazer o nosso trabalho diariamente.
Muitos lugares ao redor do mundo estão ancorados em sistemas colonialistas, racistas e misóginos, nos quais somente algumas poucas pessoas privilegiadas podem prosperar. A abordagem sistêmica nos permite entender melhor esses ambientes complexos para tratar de problemas sociais importantes e desafiadores.
Essa prática envolve explorar as relações entre os principais componentes de um determinado sistema — das políticas e práticas aos fatores sociais, culturais e econômicos —, para identificar em quais áreas há potencial de impacto positivo e sustentável. Além de se beneficiar do melhor da ciência e das práticas, uma abordagem sistêmica inclui escutar profundamente uma ampla variedade de vozes, com uma abordagem participativa e apreciativa. Junto com nossos parceiros, construímos uma compreensão coletiva das necessidades, padrões e possibilidades que informam tanto o que fazemos quanto como fazemos. E, como um princípio constante, procuramos não causar danos ao explorar e expor estruturas sistêmicas que prejudicam ou permitem o aprendizado e até então estavam ocultas.
Na Imaginable Futures, usamos essa abordagem sistêmica para construir e atualizar continuamente nossas estratégias locais. Isso nos lembra de que somos parte de um sistema maior do qual não estamos separados.
Nossa estrutura híbrida nos permite investir capital de forma flexível, permitindo que apoiemos agentes da mudança com e sem fins lucrativos. Nossa resposta no âmbito regional e organizacional pode incluir diferentes formas de engajamento para atender melhor às necessidades e oportunidades locais. Seja coletivamente, preenchendo uma lacuna em determinado sistema, estimulando e apoiando a inovação, criando novas redes e conexões, seja aumentando a conscientização sobre questões por meio de dados e pesquisa, continuaremos a cultivar ferramentas, técnicas e abordagens alinhadas com nossos valores.
É fundamental para nossa abordagem sistêmica a construção de relacionamentos com muita confiança e colaboração. Procuramos entender como o sistema pode ser falho e o que pode ser feito para eliminar as injustiças e barreiras para que todos possam prosperar. Como financiadores, sabemos que necessitamos do apoio de outros parceiros para garantir uma perspectiva completa e diversificada. Além disso, sabemos que os padrões que buscamos mudar exigirão uma liderança coletiva e as mais variadas parcerias.
Devido à natureza de constante mudança dos sistemas, sabemos que precisamos escutar as pessoas de maneira contínua para atualizar nossa compreensão. Isso significa que devemos aprender, desaprender e nos adaptar junto com nossos parceiros. Dessa maneira, a abordagem sistêmica é uma manifestação de nossos valores em especial os que chamamos de "Colaboradores Inclusivos" e "Aprendizes Corajosos".
Nosso trabalho no Brasil é focado na interseção entre igualdade racial e educação por sabermos que mudar a vida de crianças e jovens de maneira sustentável demanda a incorporação total de uma lente de justiça racial e de uma abordagem sistêmica. Fazemos isso por meio do apoio a programas baseados na equidade dentro e fora da sala de aula, na pesquisa, na incidência política e na expansão da representação de vozes diversas em espaços de poder.
O sistema de educação do Brasil oferece oportunidades para poucos privilegiados e não para a grande maioria dos alunos. O racismo estrutural permeia o sistema, levando a resultados de aprendizagem muito diferentes. Não surpreende que haja uma sub-representação significativa de grupos de pessoas negras e indígenas em posições de poder. Essa desigualdade cíclica é agravada à medida que os professores continuam subvalorizados e a educação continua sendo uma baixa prioridade em muitas famílias. A pandemia da Covid-19 exacerbou ainda mais esses problemas, ao mesmo tempo em que acelerou a necessidade de tecnologias educacionais equitativas, especialmente em comunidades com acesso limitado a recursos.
Imagine um mundo onde crianças, jovens, famílias, educadores e comunidades trabalham juntos em prol de uma visão compartilhada de uma educação racialmente inclusiva que fortaleça a sociedade brasileira. Em que estudantes de todas as origens estão representados e têm um forte senso de identidade, autoestima e agência. Em que líderanças e organizações com poder e recursos, incluindo aquelas que atuam na filantropia, estejam comprometidas em promover a igualdade racial e celebrar a diversidade. Onde as políticas em todos os níveis – comunitário, municipal, estadual e federal – trabalham integradas para garantir a equidade racial em todo o nosso sistema educacional. Esse é o futuro que imaginamos e estamos cocriando com os nossos parceiros.
Sabemos que os desafios nos sistemas educacionais são altamente complexos e, muitas vezes, baseados em padrões arraigados, tanto explícitos quanto implícitos. Por isso, adotamos uma abordagem sistêmica para começar a enxergar e compreender esses padrões. Dialogamos com partes interessadas e parceiros de diversas origens para reunir dados, percepções e perspectivas valiosos. Juntos, adaptamos o nosso trabalho constantemente para investir em pessoas e ideias no encontro entre necessidades e forças. Assista ao nosso vídeo para ver como as histórias se conectam a sistemas de desigualdade latentes.
Nossa prática envolve o mapeamento detalhado dos principais componentes de um determinado sistema como forma de identificar potencialidades com o potencial de gerar impacto positivo.
View the MapA representação é importante, mas crianças e jovens de comunidades historicamente excluídas com frequência não se veem em posições de liderança. Sem caminhos significativos para chegar a esses espaços, a sua real representação política e na tomada de decisões fica prejudicada. Reconhecemos o papel que a educação desempenha no aumento do acesso ao poder institucional. Por isso, investimos em educadores e lideranças de comunidades negras, indígenas e quilombolas para apoiá-los mais em suas jornadas.
A filantropia desempenha um papel único na criação de uma sociedade mais justa e equitativa. Como parte de um setor predominantemente liderado por pessoas brancas, estamos decididos não apenas a apoiar mais organizações e líderes dos movimentos negros, indígenas e quilombolas, mas também a motivar o setor filantrópico a tornar a igualdade racial uma parte central do seu trabalho. Para isso, apoiamos iniciativas que promovam colaborações e coalizões centradas na igualdade racial, e que fortaleçam conexões e conversas entre financiadores e organizações de diversas origens e perspectivas.
Em todos os níveis do sistema educacional no Brasil, dos municípios aos estados e ao nível federal, há uma necessidade de quebrar as barreiras estruturais do racismo que criaram desigualdades para os estudantes negros, indígenas e quilombolas. Dentro desses sistemas, apoiamos esforços para ampliar políticas, práticas e movimentos de afirmação de identidade e fundados na igualdade racial. Colocamos uma ênfase grande no trabalho com organizações que envolvem comunidades para assegurar fiscalização política e coletiva por uma educação de qualidade. Isso inclui garantir que os estudantes tenham currículos e educadores relevantes do ponto de vista cultural e contextual que os orientem para uma percepção forte de identidade, valor próprio e agência. Também apoiamos iniciativas que promovem a interdependência entre escolas e comunidades, assim como esforços focados no desenvolvimento de cidadãos engajados.